Até o fim colecionou indicações a prêmios para o seu único
ator em cena, Robert Redford, e todo e qualquer prêmio a que tenha sido
indicado/ganhado , foi merecido.
O filme começa com um monólogo em tom de despedida e
um objeto flutuando no meio do mar de Sumatra. A trama volta para oito dias
antes e estamos com um envelhecido e fora de forma Robert Redford dentro do seu
veleiro, que se chocou com um contêiner flutuante perdido de algum navio de
carga e está com um rombo no casco. A água está invadindo o barco aos poucos,
danificando muitos objetos de comunicação, e o contêiner está preso ao buraco
que abriu na embarcação.
Sozinho, o personagem consegue desgarrar o barco do objeto
mas há milhares de problemas que ainda estarão por vir: o buraco precisa ser
selado; ele está incomunicável no meio do oceano sem saber para onde está indo
e travará uma batalha pela sobrevivência – que parece estar perdida de antemão
– quando o veleiro é atingido por uma tempestade que se aproxima. Com o
naufrágio do barco, o personagem ficará ainda mais perdido no mar, dentro de um
bote salva vidas, enquanto é castigado pelo sol e pela força da natureza. À
medida que o filme avança, vão se esvaziando todas as esperanças – incluindo a
dos espectadores estarrecidos -, a começar com a falta de água potável, a falta
de comida, o cerco dos tubarões ao bote e com todos os perigos que o mar
oferece. Pior: vibramos com a chegada de dois navios por perto, mas o
personagem é invisível às embarcações que trafegam pelas rotas próximas e está
se afastando cada vez mais delas.
Filmes de náufrago não são novidade no cinema. A diferença é
que aqui praticamente não há diálogos (após o monólogo inicial, o segundo
diálogo só vem vinte minutos depois com um pedido de socorro e em seguida, a
próxima palavra só será proferida a partir de uma hora) o que faz o filme se
aproximar mais do” Náufrago”, com Tom Hanks, no seu desenvolvimento, do que de
outros filmes – com a diferença que aqui não temos uma bola de vólei como
companhia para o martírio do personagem.
Com uma trilha sonora excelente e eficiente, Até o fim traz
uma direção bem calibrada mas que não teria o impacto que tem sem a afiada
atuação de Robert Redford, que segura o filme do começo até o final. É uma das
melhores atuações de sua carreira, sem dúvidas. Apesar de praticamente não
falar, Redford consegue passar sua agonia e desespero com grande verdade, seja
nas rugas da idade ou na expressão de resignação, seja no seu esforço físico
visível ou na fisionomia de quem não aguenta mais lutar. O fato de estar velho
parece adicionar, aliás, um fator importante à trama: toda a atividade no
veleiro exige um esforço monumental, como mostrado na luta contra a tempestade
que o leva facilmente a exaustão – e quase o mata. Assim, para sobreviver, ele
precisa brigar não apenas com a natureza, mas com o destino trágico que o
cerca, com o acaso, com a imprevisibilidade do mar, com a solidão, com a
própria embarcação que está agonizando prestes a afundar – e, claro, com seu
próprio corpo -, o que faz de sua jornada um completo exercício de superação.
O paralelo com o sucesso de 2013, Gravidade, é inevitável.
A essência dos personagens, é a mesma.
Se temos na ficção espacial Sandra Bullock perdida na solidão do espaço e
desesperada para voltar para casa, aqui temos Redford perdido no meio do
oceano, igualmente sozinho e em condições desesperadoras. Qualquer uma das duas
situações é aterradora. Ambos aprendem, improvisam, pensam em desistir, contam
com um pouco de sorte de última hora, mas, movidos pela fé ou por uma força
maior, seguem adiante.
São filmes que nos revelam surpresas sobre o espírito
humano, nossa coragem, força, luta e superação dos nossos próprios limites.
Aqui o roteiro limpo e simples se sai um pouco melhor nos detalhes do que no
filme de Sandra. Ele não usa o personagem para explicar a plateia o que ele faz
em cena com palavras – ele traduz tudo em imagens muitas vezes silenciosas,
melancólicas, num trabalho extremamente peculiar. Reparem: ao perceber a falta
de água, ele improvisa; ao ver um navio se aproximar, ele se revela
esperançoso
em uma fisionomia, que se desfaz logo em seguida ao perceber que não é notado
na imensidão azul; o monólogo do começo vira a carta dentro de um pote para
quem a encontrar, já que é o momento em que o personagem está entregando os
pontos, etc.
Há um ou outro ponto baixo – como no momento em que ele está
no bote salva-vidas durante uma tempestade e a confusão da montagem é tão
grande que não dá para entender o que está se passando com o personagem. E o
final, sem epílogo e meio abrupto, pode não agradar e não ser unanimidade entre
os espectadores.
Fica a dica...Filmaço!
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parece genial..
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