quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Lightning Bolt - Pearl Jam

É inegável que o Pearl Jam é uma  das bandas  em atividade na cena musical mais influentes dos últimos vinte anos. Em  seu décimo disco, se mantem fiel, acima de tudo, a si mesmos. Eu sei, todos já conhecem “Black”, todos já pularam ao som de “Even Flow” e, no mínimo, arrepiaram-se ao ouvir os primeiros acordes de “Alive”. Mas, no decorrer dos anos,com  a carreira planejada de forma independente e espontânea, o Pearl Jam tornou-se numa banda  atemporal no mundo musical. Apesar de ainda ser relacionada em um primeiro momento e  aos mais desavisados com  a tal “cena grunge”, um olhar  mais atento a carreira dessa banda de Seattle dirá  que eles já se livraram há muitos anos desse rotulo .

O tempo entre Backspacer e Lightning Bolt é um dos mais longos na carreira de Pearl Jam, pouco mais de quatro anos. Esse período, no entanto, foi de grande atividade para cada um de seus integrantes, além da celebração coletiva de vinte anos da banda, que gerou um documentário oficial, o PJ20. Posteriormente, cada um tomou seu rumo e ocupou seu tempo criativamente em outros projetos. Eddie Vedder, por exemplo, embarcou em  carreira solo com seu disco de estreia, Ukulele Songs, de 2011.

 Diante dos  trabalhos paralelos dos integrantes da banda, a impressão que dá é que os quatro anos sem se trancarem no estúdio durou bem mais. O resultado é que os quatro integrantes, acrescido de Boom Gasper(piano), entraram no estúdio no momento ideal e se focaram em produzir o melhor disco, como o próprio Vedder afirmou na época do lançamento em entrevista à Rolling Stone.
Com  Lightning Bolt lançado em outubro de 2013  a banda volta a  arriscar um pouco mais e explora  novos territórios, embora sempre com um pé em solo seguro. “Pendulum”, sombria, com o piano criando o ambiente. O ritmo, no entanto, lembra um pouco “Parting Ways”, de Binaural. Melodia muito bonita, com Vedder mais uma vez com a voz impecável.

 A banda continua explorando e experimentando novos sons, para desespero dos “grungeiros”. Após a experimentação, Pearl Jam volta para a zona de conforto com a mediana e correta “Swallowed Whole”, bem a cara de composição de Eddie. Mas logo em seguida volta a ter ingredientes novos e inesperados, como em “Let The Records Play”, com uma pegada bem blues, coisa que Pearl Jam não havia experimentado ainda, seguimos com “Come Back”,balada lenta também com uma levada blues

“Sleeping By Myself”, embora não seja totalmente inédita, já que figurou em Ukulele Songs, de Eddie Vedder, ganha aqui uma nova roupagem com a banda completa, inclusive, bem country. Ainda assim, no final Eddie ainda empunha seu ukulelezinho de sempre. O clima acústico guia as duas faixas finais, com “Yellow Moon”, misturando com um solo de guitarra bem intenso, embora curto, e “Future Days”, basicamente Eddie, seu violão, e uma base de piano, também tem a  letra mais positiva do álbum.


Lightning Bolt é, por fim, mais um grande registro de uma ótima banda que já superou essa polêmica de tentar fazer um novo Ten ou Vs. É notório que eles estão preocupados apenas em fazer boa música e criar novos sons para comunicar sentimentos. E esse é o espírito da coisa.