quinta-feira, 8 de maio de 2014

Clássicos do Rock Nacional; Cabeça Dinossauro - Titãs.

O ano é 1986 e os  Titãs tentavam superar problemas  porque um de seus vocalistas, Arnaldo Antunes, e o guitarrista, Tony Beloto, haviam sido presos por envolvimento em heroína. Isso sem dúvida alguma teve influencia direta nas  músicas.

Abril de 86, os Titãs entram no estúdio Nas Nuvens, no Rio de Janeiro para gravar o que seria um clássico, um marco do rock no Brasil: "Cabeça dinossauro", com sonoridade e temática pesadas,diretas e objetivas o que era de certa forma incomum no rock nacional até então.

"Igreja", "Porrada", "Dívidas", "Bichos escrotos", o disco era pancada atrás de pancada . A única faixa que amenizava o tom era  “Família”, o resto fazia jus a capa do disco, que trazia um homem urrando(esboço de uma pintura do  italiano Leonardo Da Vinci).

O álbum fazia trazia  referências  ao episódio de prisão dos integrantes como "Estado violência" e o clássico "Polícia" ("Polícia para quem precisa, polícia para quem precisa de polícia"). Das 13 faixas do álbum, 11 foram muito bem executadas em rádios - como únicas exceções as faixas "A Face do Destruidor" e "Dívidas".
"Bichos Escrotos" acabaria sendo vetada a para audiência em rádios por causa da expressão "Vão se foder!".
"Cabeça dinossauro" fez uma revolução na música brasileira, ninguém tinha feito ainda algo tão pesado e demolidor. O Brasil nunca tivera letras tão diretas e, mais que isso, o disco conseguiu um alto índice de vendas.

"Cabeça Dinossauro", é sem dúvida o mais primal, selvagem, brutal e pesado disco da história do Rock brasileiro. Seu peso não advém de distorções gravíssimas de guitarras ou bateria hipersônica; soa como uma captação do que o ser humano pode produzir de mais pré-histórico em forma de música moderna, e com uma lírica áspera e violenta feita a sonoridade: os Titãs atacavam abertamente pilares considerados sagrados pela sociedade, como a Igreja, o Estado, a Segurança Pública, a família, o sistema bancário... A destruição que o homem causa ao seu próprio planeta também era atacada abertamente, em uma crítica que soa terrivelmente atual até hoje, em todas as suas músicas. Nenhuma perdeu o valor de crítica.

É impossível falar em "Cabeça Dinossauro" e Titãs  sem citar o produtor Liminha, que foi fundamental para a sonoridade do álbum.O produtor que produziu diversos trabalhos dos Titãs teve uma grande importância na historia da banda, e durante muito tempo foi considerado o nono Titã.


Algumas curiosidades envolvem muitas dessas músicas. "O Quê", por exemplo, foi a última ser gravada, devido às imensas dificuldades encontradas pela banda, e foi também a que mais deu trabalho. O arranjo mudou totalmente no estúdio e o Liminha, teve participação decisiva: programou a bateria eletrônica, sugeriu a linha de baixo, tocou guitarra e deixou os músicos  fazendo uma jam interminável durante dois dias até chegar ao resultado final.
Nos shows o até então vocalista Arnaldo Antunes se retirava do palco durante a execução da musica "Igreja". Ele  dizia ter religião e não concordava com o teor da música; ele não aparece no videoclipe da música e se retirava silenciosamente do palco cada vez que a música era executada.
Outra curiosidade diz respeito à gravação de "Polícia". O próprio Sérgio Britto explica: "Outro detalhe curioso, é que gravei a voz solo de 'Polícia' no primeiro take, enquanto o Liminha conversava sobre pesca submarina com o Evandro Mesquita. Talvez isso tenha me ajudado a ficar mais puto ainda e descarregar a raiva durante o vocal. Quando fomos ouvir o resultado, eu queria regravar a voz, a qualquer custo, porque tinha sido muito fácil. Mas todos acabaram me convencendo de que estava bom", explicou o tecladista e vocalista.



O disco marcou o auge dos Titãs na cena roqueira e pode-se afirmar com toda convicção que depois de "Cabeça dinossauro", o rock brasileiro nunca mais foi o mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário