O oitavo álbum de estúdio da banda inglesa “Pink Floyd”,
intitulado “The dark side of the moon” chegava às lojas no dia 24 de março de
1973. Este disco representa uma mudança de postura em toda a banda, tida como
um dos pilares do rock progressivo nos anos 70, com letras pessoais e menos
partes instrumentais nas canções, o que era uma marca da sonoridade da banda
até então. Por outro lado, o álbum usa e abusa de efeitos sonoros para tornar
as faixas bem complexas. A música “Time”, por exemplo, abre com o som de
dezenas de relógios, todos ao mesmo tempo, em polifonia.
O disco abrange uma série de temas densos sobre o ser
humano, como a ambição, problemas mentais e as consequências da velhice na vida
de cada pessoa. Esses temas não foram “escolhidos” em vão pela banda, pois
tratam das próprias experiências vividas por Syd Barret, membro fundador do
Pink Floyd, que deixara a banda após sofrer de graves problemas mentais.
Ao longo de 1972 e 73, a banda produziu o disco nos famosos
estúdios Abbey Road, em Londres, ao lado de Alan Parsons, que deu seu toque
pessoal nas bases e elementos eletrônicos das músicas.
Já a famosa capa negra com um prisma ao centro refletindo
raios luminosos em diferentes cores como num arco-íris, foi pensada e elaborada
como uma representação da grandiosa iluminação usada pela banda em seus concertos,
além de caracterizar o intimismo das letras presentes no disco. O conceito
também buscava captar uma ideia importante para a banda, a de que a capa
deveria ser direta e ao mesmo tempo, marcante.
O álbum foi sucesso imediato na Inglaterra, França e Estados
Unidos, alcançando as paradas musicas, como a conceituada “Bilboard”, sendo que
nesta, o disco já esteve presente em mais de 803 menções ao longo dos anos, o
que é um feito na história fonográfica mundial. Críticos e público consideram
“The Dark Side of the Moon” como uma das obras mais importantes do rock n’ roll
em todos os tempos, tanto pela sua qualidade musical, quanto pela inovação
conceitual que apresentou em suas canções e parte gráfica.
Desenvolver novas canções estava nos planos da banda desde a
turnê de “Obscured by Clouds”, álbum anterior, e os problemas enfrentados por todos,
principalmente devido à saída de Barrett, fizeram com que ainda no meio da
turnê, as canções fossem compostas para inicialmente serem apresentadas ao
vivo. A necessidade de serem mais objetivos e menos teatrais também aguçou a
criatividade dos músicos para novas composições.
Após concluírem as gravações demo em pequenos
estúdios improvisados nas casas dos músicos e em um armazém dos Rolling Stones,
a banda investiu pesado em equipamentos para produzir as músicas no Teatro Rainbow, em Londres, num
projeto chamado “The dark side of the moon”. Contudo, o nome teve que ser
mudado para “Eclipse”, pois a banda “Medicine Head” já usara o título
escolhido. Destino ou consequência natural, o “Medicine Head” foi um
fracasso comercial e o “Pink Floyd” pôde usar o nome inicial para seu novo
projeto.
Antes mesmo de lançarem o álbum, a banda iniciou a “The Dark
Side of the Moon Tour” e passou por Estados Unidos, Canadá e diversos países da
Europa, como forma de desenvolverem melhor suas canções ao vivo. Em 17 de
fevereiro de 1972, eles se apresentaram no Teatro Rainbow para uma platéia de
jornalistas, recebendo boas críticas.
O Pink Floyd no Abbey Road Studios durante a
gravação de “The Dark Side of the Moon”
As gravações iam sendo feitas durante os intervalos entre as
apresentações, utilizando a chamada “gravação multicanal” que permitia o
agrupamento de vários sons, unindo-os perfeitamente em sincronia e trazendo
assim um excelente resultado sinfônico.
Uma curiosidade sobre o longo tempo que duraram as gravações
foi o fato de que muitas vezes elas eram interrompidas para que o baixista e
principal compositor da banda, Roger Waters, pudesse ir assistir a partidas de
futebol de seu time de coração, o Arsenal, ou ao seu programa favorito na
televisão, o “Monty Phyton’s Flying Circus”.
Após o término das gravações, a banda se lançou em mais uma
turnê pela Europa.
“The Dark
Side of the Moon” e “O Mágico de Oz”.
Desde o ano de 1997, circula a “lenda” de que o álbum serve
perfeitamente como trilha sonora para o filme “O Mágico de Oz”, de Victor
Fleming, lançado em 1939. O chamado “The Dark Side of the Rainbow”, algo como
“O lado sombrio do arco-íris’, numa alusão dupla ao filme e à capa do disco, é
um “fenômeno” que gera polêmica no mundo pop, com alguns defendendo claramente
essa ideia e outros que não encontram relações entre as duas obras.
De acordo com aqueles que defendem essa “tese”, certos
pontos do filme sincronizam perfeitamente com trechos do álbum.
Os membros da banda sempre negaram uma relação intencional,
atribuindo o fato como simples coincidência. Seja como for, quando o leão da
MGM ruge pela terceira vez, depois que a tela escurece e começam as imagens do
filme, o disco deve ser iniciado para que a tal “sincronização” aconteça.
De acordo com a “Wikipedia”, estes são alguns dos principais
momentos em que o disco ilustra as cenas do filme:
Quando Dorothy cai de cima do cercado em que está se
equilibrando, inicia-se a música “On the run” indicando o momento de suspense.
Na seqüência a avó de Dorothy aparece conversando, e neste momento é possível
ouvir uma voz feminina de fundo na mesma música.
Quando Dorothy está na fazenda e ela olha para o alto, no áudio
surge barulho de avião.
Quando a bruxa está chegando de bicicleta para raptar o
cachorro de Dorothy, começam a tocar os sinos da música “Time”, análogo aos
toques de campainhas de bicicletas.
Em seguida a bruxa estaciona a bicicleta no cercado da casa
de Dorothy e, enquanto está parada do no portão, o avô de Dorothy bate com o
portão por trás da bruxa. Quando o álbum e o filme estão exatamente
sincronizados, nesta batida do portão é tocada a primeira nota da música
“Time”.
Quando é cantada a frase “Home, home again” (Casa, casa
novamente) do reprise de “Breathe”, o cachorro de Dorothy entra pela janela do
seu quarto, após fugir da bruxa.
A música “The great gig in the sky” é tocada no momento de
suspense do filme, onde um tornado aproxima-se à casa. É possível perceber os
três tempos da música em sincronia com as cenas de suspense, as cenas de
sonho/desmaio e com as cenas de calmaria.
O som da caixa registradora no princípio de “Money”
(dinheiro) aparece exatamente quando Dorothy pisa pela primeira vez a estrada
dos tijolos amarelos; que é também o momento em que o filme passa de preto e
branco para cores. Outra referência é a aparição da fada dourada;
No momento em que a bruxa do Oeste aparece, é tocada a
palavra “black” (preto);
A cena em que Dorothy encontra o espantalho (personagem que
alegava não ter cérebro) é acompanhada pela música “Brain Damage” (dano
cerebral), e quando a letra da música começa a tocar: “the lunatic is in my
head…” (o lunático está na minha cabeça), o espantalho inicia a dançar
freneticamente como um lunático;
O bater de coração no fim do álbum ocorre quando Dorothy
tenta ouvir o coração do homem de lata;
No momento em que a bruxa do oeste lança uma bola de fogo
contra Dorothy e seus companheiros, a música grita “run!” (corra);
No momento que Dorothy encontra Oz, entra a música “Us and
Them”, soando Us como Oz bem quando aparece a 1a imagem de Oz;
Várias frases das letras contidas nas músicas coincidem com
os mesmos atos sendo executados pelos atores no mesmo momento;
A duração da maioria das músicas coincide precisamente com a
duração das cenas no filme.
Seja pela lenda que criou, ou pela qualidade e originalidade
do trabalho, “The Dark Side of the Moon” é parte obrigatória na coleção de todo
fã de música, principalmente, rock n’ roll, e deve ser celebrado como uma das
obras-primas do Pink Floyd, uma das mais espetaculares bandas de todos os
tempos. Hoje, 31 anos após seu lançamento, o disco ainda é uma valiosa e
interessante análise do ser humano, sob uma perspectiva muito particular,
preenchida por excelentes notas e acordes.
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