Aproveitando o fato de Quentin Tarantino estar
aniversariando esta semana e que em 2014 “Pulp Fiction” completa 20
anos.
Antes de mais nada vamos esclarecer uma coisa: Pulp Fiction é uma das melhores obras
cinematográficas de sempre. Sem discussões.
Posso tentar explicar que assim o considero pela
incrível roteiro , pelo desempenho fantástico do elenco. Ou mesmo
pela fantástica trilha sonora muito característica (o próprio Tarantino escolhe as faixas a
partir de seu acerco particular), mas onde Pulp Fiction brilha, sem dúvidas, são nas situações e nos diálogos carregados de cultura pop. Algo em que Quentin
Tarantino é especialista. A forma brilhante como as situações são apresentadas
e encaradas pelos personagens completamente realistas (e ao mesmo tempo surreais) e facilmente comparáveis
com a realidade, assim como a maneira que os mesmos interagem entre si chega ao
ponto de parecer verdadeiramente palpável.
Poderia fazer uma sinopse onde diria que; em Pulp Fiction são
apresentadas três histórias de personagens distintos que acabam por se unir, e
cada uma acaba por ter o seu devido desfecho, mas a verdade é que todo o
triunfo do filme está na vertente humana. Situações, reações, problemas,
crenças, atitudes, comportamentos, medos, tudo isto está presente em Pulp
Fiction e apresentado de uma maneira que só o mestre Quentin sabe. É justamente
por ser tão assentado na realidade (e
simultaneamente humorística) que é fácil encontrar atitudes racistas,
discriminatórias, humor sutil e, acima de tudo, humor negro, da forma como só
Tarantino sabe entregar, desprovido de atitudes politicamente corretas ou
preocupação. Além disto, a comédia é um elemento bastante presente no filme,
assim como a violência gráfica e, claro, os 'palavrões'. Não há mais ninguém no
mundo que diga 'motherfucker' como Samuel L. Jackson diz; aliás, só Samuel L.
Jackson consegue dizer 'motherfucker' duas vezes seguidas e não parecer um
idiota, fazendo sentido completo no contexto em que está inserido. Brilhante.
Bem vamos lá...
Um dos maiores filmes da década de 90, Pulp Fiction é a obra
prima do então novato Quentin Tarantino. O diretor que não passava de um
balconista numa locadora de vídeos teve a sorte de conseguir produzir seu
primeiro filme, o bem sucedido “Cães de Aluguel”, 1992. Após o sucesso do
filme, Tarantino percebeu que havia espaço em hollywood para sua linguagem tão
particular de expor a violência na tela. Em Pulp Fiction, ele conseguiu juntar
um elenco invejável. Celebridades como: John Travolta, Samuel L. Jackson, Uma
Thurman, Harvey Keitel, Tim roth, Ving Rhames, Eric Stoltz, Christopher Walken,
Bruce Willis, entre outros. Tarantino reuniu desde grandes atores por hora
esquecidos, como é o caso de John Travolta cuja carreira estava em crise. O
ator costumava fazer filmes pelo cachê fixo de 20 milhões de dólares, mas
estrelou em Pulp Fiction pela bagatela
de $ 150 mil. Apesar de um cachê relativamente pequeno foi esse filme que
reergueu Travolta. Também contou com outros atores em alta, como é o caso de
Bruce Willis que havia acabado de estrelar no BlockBuster “Duro de Matar”.
A soma do roteiro com o elenco e a direção resultou num
filme brilhante, com diálogos engraçadíssimos e surpreendentes e cenas
inesquecíveis. O filme se baseia em várias histórias paralelas que de alguma
forma se encontram e que não seguem uma linha temporal lógica, o que da um
caráter pós-moderno. Dois assassinos profissionais, Vincent Vega (John
Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) são encarregados de fazer as
cobranças para um gangster chamado Mersellus Wallace (Ving Rhames). Mas,
durante um trabalho, passam por varias situações imprevisíveis e de certa forma
cômicas. Em outro momento, Vincent recebe a missão de cuidar da esposa de seu
chefe, Mia (Uma Thurman), numa noite que será longa para ambos. Enquanto isso,
Butch Coolidge (Bruce Willis), um boxeador em decadência, ganha a luta que
deveria perder, o que o coloca numa situação que pode lhe custar a vida. Mas
afinal, o que faz de Pulp Fiction um filme digno de ser assistido? São os
pequenos detalhes. Os diálogos que foram cuidadosamente escritos, por exemplo.
Não que tenham uma carga filosófica considerável, pelo contrário, mas são
totalmente inesperados. Os assassinos Vincent e Jules antes de executarem seu
trabalho, têm uma longa conversa sobre as diferenças entre o Mac Donald´s da
Europa e dos EUA e sobre massagens nos pés.
O humor e a genialidade estão
simplesmente no fato de os dois personagens discutirem de forma voraz assuntos
tão banais atravessando minutos a fio, como se fosse um debate político ou uma
discussão ideológica. Tentam fundamentar seus argumentos sobre massagens nos
pés como se fosse um assunto muito inteligente, e tudo isso antes de
assassinarem algumas pessoas. O humor e a maldade andam lado a lado.
O filme também é enigmático. Por exemplo, uma maleta
aparentemente comum carregada por Vincent e Jules. Todos que olham dentro da
maleta ficam de boca aberta, desacreditados e sem palavras. Mas em nenhum
momento falam o conteúdo da maleta, para desespero dos espectadores. Existem
diversas teorias sobre o assunto. Uma delas diz que seria a alma de Marsellus
Wallace. Outras dizem ser cocaína ou ouro. Tarantino já disse que jamais
divulgará o conteúdo da maleta, e acha que incrível como pôde aguçar a
imaginação das pessoas. Pouco importa, a genialidade do filme está nesses
pequenos detalhes. Humor, violência, situações imprevisíveis, diálogos
singulares, uma trilha sonora incrível e original uma trama de personagens e é
claro, Quentin Tarantino compuseram um roteiro vencedor do Oscar 1994 e da
Palma de Ouro. Mais um comentário: ASSISTAM!
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