É inegável que o Pearl Jam é uma das bandas em atividade na cena musical mais influentes
dos últimos vinte anos. Em seu décimo
disco, se mantem fiel, acima de tudo, a si mesmos. Eu sei, todos já conhecem “Black”,
todos já pularam ao som de “Even Flow” e, no mínimo, arrepiaram-se ao ouvir os primeiros acordes de “Alive”. Mas, no decorrer dos anos,com a
carreira planejada de forma independente e espontânea, o Pearl Jam tornou-se
numa banda atemporal no mundo musical.
Apesar de ainda ser relacionada em um primeiro momento e aos mais desavisados com a tal “cena grunge”, um
olhar mais atento a carreira dessa banda de Seattle dirá que eles já se livraram há muitos anos desse rotulo
.
O tempo entre Backspacer e Lightning Bolt é um dos mais
longos na carreira de Pearl Jam, pouco mais de quatro anos. Esse período, no
entanto, foi de grande atividade para cada um de seus integrantes, além da
celebração coletiva de vinte anos da banda, que gerou um documentário oficial,
o PJ20. Posteriormente, cada um tomou seu rumo e ocupou seu tempo criativamente
em outros projetos. Eddie Vedder, por exemplo, embarcou em carreira solo com seu disco de estreia,
Ukulele Songs, de 2011.
Diante dos trabalhos paralelos dos integrantes da banda, a
impressão que dá é que os quatro anos sem se trancarem no estúdio durou bem
mais. O resultado é que os quatro integrantes, acrescido de Boom Gasper(piano),
entraram no estúdio no momento ideal e se focaram em produzir o melhor disco,
como o próprio Vedder afirmou na época do lançamento em entrevista à Rolling
Stone.
Com Lightning Bolt lançado em outubro de 2013 a
banda volta a arriscar um pouco mais e
explora novos territórios, embora sempre
com um pé em solo seguro. “Pendulum”, sombria, com o piano criando o ambiente.
O ritmo, no entanto, lembra um pouco “Parting Ways”, de Binaural. Melodia muito
bonita, com Vedder mais uma vez com a voz impecável.
A banda continua
explorando e experimentando novos sons, para desespero dos “grungeiros”. Após a
experimentação, Pearl Jam volta para a zona de conforto com a mediana e correta
“Swallowed Whole”, bem a cara de composição de Eddie. Mas logo em seguida volta
a ter ingredientes novos e inesperados, como em “Let The Records Play”, com uma
pegada bem blues, coisa que Pearl Jam
não havia experimentado ainda, seguimos com “Come Back”,balada lenta também com
uma levada blues.
“Sleeping By
Myself”, embora não seja totalmente inédita, já que figurou em Ukulele Songs,
de Eddie Vedder, ganha aqui uma nova roupagem com a banda completa, inclusive,
bem country. Ainda assim, no final Eddie ainda empunha seu ukulelezinho de
sempre. O clima acústico guia as duas faixas finais, com “Yellow Moon”, misturando
com um solo de guitarra bem intenso, embora curto, e “Future Days”, basicamente
Eddie, seu violão, e uma base de piano, também tem a letra mais positiva do álbum.
Lightning Bolt é, por fim, mais um grande registro de uma
ótima banda que já superou essa polêmica de tentar fazer um novo Ten ou Vs. É
notório que eles estão preocupados apenas em fazer boa música e criar novos
sons para comunicar sentimentos. E esse é o espírito da coisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário