Morto é o caralho! Faith No More volta à vida em Sol
Invictus.
Sol Invictus é tudo o que a banda precisava para provar que
esta longe de viver de passado. O novo álbum do Faith No More segue a tradição
de surpreender os seus fãs e os que acompanham o trabalho da banda. "Sol
Invictus" traz uma seleção de 10 músicas com uma sonoridade renovada e que
ao mesmo tempo, mantém a inconfundível pegada do som característico da banda.
A primeira grande surpresa, surge já na primeira faixa,
"Sol Invictus", que, ao contrário de todos os discos do Faith No
More, não começa com uma porrada e sim com um suave piano. Uma bateria em ritmo
de marcha abre as águas para Patton sussurrar uma letra com tom apocalíptico.
Está mais próximo de algo como Depeche Mode do que qualquer outra coisa que a
banda já tenha feito.
A segunda faixa é o single "Superhero", a música
mais próxima do som dos discos anteriores, servindo aqui como um acalento para
quem tomou um susto com a música anterior. Com teclados orientais e um baixo
furioso, a música evoca bons momentos do "Angel Dust" e do
"Album of the Year".
"Sunny Side Up” tem um clima alegre e uma levada de
baixo e bateria no ritmo de ska. A faixa tem piano bem melódico e um refrão
alegre que chega a soar “estranha” na voz de Mike Patton. Tem cara de single.
"Separation Anxiety" lembra a época dos primeiros
discos da banda, ainda com Chuck Mosley nos vocais. Um riff de baixo repetitivo
e um tecladinho cinematográfico bem sutil criam a tensão para Patton dar seu
show. Ao vivo, essa vai ficar muito foda.
"Cone of Shame", que já havia sido tocada em
shows, ficou incrível em sua versão de estúdio. Com um clima bluesy e um vocal
do Patton inspiradíssimo e sem muito overdub, a música ganhou força,
especialmente na parte final.
A introdução de "Rise of the Fall" mais uma vez
evoca os primeiros discos da banda, mas logo em seguida a música dá uma guinada
e entra num território cinematográfico, meio cabaret. A guitarra faz pensar em
"Blood", faixa do "Introduce Yourself”. Gênero musical: Não sei
ainda, tô tentando descobrir.
"Black Friday" Com ares de acústica, lembra muito
o som do The Cure. Apesar de ser completamente diferente de tudo que eles já
fizeram. Eu acho que ela é perfeita para single, com um refrão fácil e bom de
gritar: "BUY IT!". A letra tira um sarro do desespero das pessoas por
fazer compras na Black Friday, comparando-as com zumbis. Nessa música, fica bem
claro o quanto Patton se dedicou no
trabalho de vozes, com muitos backings e detalhezinhos sonoros que fazem toda a
diferença no arranjo final da música.
"Motherfucker", primeiro single lançado, e que
funcionou como um teaser do que vinha pela frente, parece finalmente fazer
sentido. Eu tinha achado uma escolha estranha para o primeiro single, mas
atualmente entendo que a ideia era realmente não entregar o jogo, mas ao mesmo
tempo avisar que vinha algo de novo e diferente por aí. Ela definitivamente tem
o seu lugar no álbum.
"Matador" foi a primeira música nova a ser
apresentada para os fãs nos shows ainda em 2011/2012 e confesso que a versão de
estúdio ficou devendo um pouco para a grandiosidade dela ao vivo. Mas, tirando
essa primeira impressão, a música é certamente um clássico instantâneo do Faith
No More.
E o disco encerra com a belíssima "From the Dead",
uma balada acústica que evoca um clima Folk ,com seus violões grandiosos e
muitas vozes, levando a banda mais uma vez a um terreno que até então é
novidade na sonoridade do Faith no More.
Embora possa ser considerado um disco curto - tem
aproximadamente quarenta e poucos minutos de duração , Sol Invictus é honesto e
cheio de boas ideias. Ele também causa aquela mesma sensação de estranheza em
sua primeira audição - algo que se tornou comum em cada novo lançamento do
grupo. Em uma rápida - e talvez desnecessária
comparação, podemos dizer que Sol Invictus não é tão incisivo quanto
Angel Dust e tão atmosférico quanto Album Of The Year, por exemplo.
O disco
também não segue a mesma proposta de We Care A Lot, como foi dito pela banda em
algumas entrevistas. Aliás, ele não segue proposta nenhuma.