sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Sons of Anarchy.

É incrível o fascínio que os anti-heróis exercem sobre nós quando o assunto é cinema/series/Tv. Exemplos disso não faltam; Walter White, Hannibal Lecter, Wolverine, Batman, Michael Corleone... Aqui no Brasil talvez o maior exemplo de  anti-herói seja  o Capitão Nascimento(Tropa de Elite).
Sons of Anarchy é acima de tudo uma estória sobre anti-heróis.

Pense no drama de uma tragédia familiar, misturada com algum filme de gangster, adicionado de uma boa dose de adrenalina. Pode-se dizer que Sons Of Anarchy, criação de Kurt Sutter, é mais ou menos isso. Com uma mistura afiada de drama, ação, suspense e até humor negro, a série conta a história do clube de motociclistas fora da lei Sons Of Anarchy, que tem sua sede em Charming, uma cidade fictícia da Califórnia. Clay Morrow (Ron Perlman) é o presidente, e seu afilhado, Jax Teller (Charlie Hunnam), o vice-presidente e protagonista. A trama explora muito bem os laços de irmandade que unem o grupo que, apesar de composto só por homens, tem nas mulheres, principalmente nas esposas dos membros  grandes pilares de sustentação dos personagens .
 A mais importante delas é Gemma (Katey Sagal), esposa de Clay. Respeitada e adorada por todos, ela é a grande figura materna do clube. A atriz, que na vida real é casada com Sutter, ganhou o Globo de Ouro em 2011 pelo papel. Outra figura feminina que logo ganha força é Tara (Maggie Siff), antiga namorada de Jax na adolescência, que voltou para trabalhar no hospital da cidade. Tara volta a se aproximar da família Teller ao cuidar do pequeno Abel, filho de Jax, que teve um parto prematuro após sua mãe e ex-mulher de Jax, Wendy, sofrer uma overdose. Com o nascimento do seu filho e o achado de um manuscrito escrito por seu pai, John Teller, Jax começa a refletir sobre o caminho que o Clube tomou. Essa “epifania” e o descobrimento de vários segredos do passado (como a verdade sobre a morte do pai), é o que move a trama da série, colocando as ideologias de Jax e Clay em constante colisão.

 Enquanto Clay visa apenas o lado financeiro, que envolve principalmente o tráfico de armas, o vice-presidente fará de tudo para tirar a SAMCRO (sigla de Sons of Anarchy Motocycle Redwood Original, nome oficial do clube) da ilegalidade e tentar resolver os problemas e conflitos do clube sem (ou com o mínimo de) violência — muitas vezes passando por cima de Clay. E conflito é o que não falta. Desde gangues da Califórnia (como os mexicanos dos Mayans), passando por uma organização de separatistas brancos, até os irlandeses do IRA (boa parte da 3ª temporada se passa na Irlanda do Norte). Isso tudo sem falar nas organizações federais, que, volta e meia, colocam o clube na mira. Esses conflitos internos e externos ameaçam não só o Clube como organização, mas a unidade do grupo, que parece enfraquecer cada vez mais. Algo que o roteiro de Sutter sempre frisa é que os Sons podem ser bandidos, mas não vilões.

 Por mais ilegal que seja a forma como eles ganham a vida, eles sempre tentam ajudar o povo de sua cidade e se revoltam com injustiças tanto quanto qualquer cidadão honesto. Outra característica dos personagens que é muito bem composta pelo roteiro, é a de terem várias fases durante a série, assim como a relação entre eles, que muda por consequência de suas próprias mudanças ou acontecimentos na trama. Dentre todas as mudanças, naturalmente a que mais impressiona é a de Jax. De idealista e pacificador, ele vai se deixando contaminar pelo mundo de caos e violência em que vive e se torna uma pessoa sedenta por vingança e disposta a tudo para chegar a seus interesses, por melhores que sejam (pelo menos, na maioria das vezes). Jax evolui não apenas como líder, apto a tomar decisões que poucos seriam capazes de tomar, mas como personagem, se tornando alguém com moral algumas vezes  dúbia, capaz de tomar as mais bondosas atitudes como as mais violentas. A sua grande mudança é construída com primor no decorrer da trama. A série frequentemente mostra o quão sujo os personagens estão dispostos a jogar para chegar aos seus objetivos — objetivos que, se não sempre bons, ao menos são compreensíveis dentro daquele mundo. O que dificulta o julgamento do público: será que um bom fim justifica um meio tão sujo ou sangrento?
Destaque para a  trilha sonora que  também é um dos elementos que merecem menção. As músicas casam perfeitamente seja com sequências de perseguições ou de momentos mais densos da série. A trilha sonora de Sons Of Anarchy exerce um papel fundamental na narrativa, as letras das canções retratam o estado atual da trama e/ou dos personagens.

Destaque também para o restante do elenco simplesmente IMPECAVEL.
 No ar desde 2008, a série só recebeu duas indicações!? a prêmios importantes: melhor música-tema original, no Emmy, em 2009; e a já citada indicação (e vitória) de Katey Sagal ao Globo de Ouro, como Melhor Atriz em série dramática, 2011. Charlie Hunnam, por exemplo, faz um trabalho excelente, dando toda a credibilidade que a complexidade de seu personagem precisa. SoA foi o terceiro drama mais visto da TV paga americana, ficando atrás apenas de The Walking Dead e Breaking Bad, além de ser a série mais vista do canal FX, quebrando, temporada após temporada, vários recordes de audiência. SoA é uma incrível jornada em alta velocidade sobre segredos, traições, alianças, amor, ódio, mas, sobretudo, família. O conceito de família está na essência, no cerne do Clube. E a estória contada por Kurt Sutter é exatamente o que, e até onde, as pessoas vão para protegê-la.

Aqui a trilha sonora.

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