sábado, 26 de abril de 2014

Hannibal,a série.

Me lembro quando  assisti o filme “O silêncio dos inocentes”. É inegável o apelo de uma trama onde o herói é um assassino, um anti-herói. Hannibal Lecter, interpretado por Anthony Hopkins, ajudou o FBI capturar um predador igual a ele, mas estava faltando algo. O que motivou Hannibal a abandonar a civilidade e a moral? Quem ele foi antes de se transformar em um matador “profissional”?Os anos se passaram e outros filmes surgiram, muitos inspirados na mesma ideia. Apesar de algumas partes serem elucidadas, a sensação era de que faltava algo... Hannibal vem pra preencher as lacunas.


O Hannibal Lecter dos filmes mostrou uma frieza imensa. Ele matou e devorou vítimas. Ele ganhou vida pela interpretação marcante de Anthony Hopkins. Mas o tempo passa e, infelizmente, o ator não mais voltou a viver Lecter.
Mas errou quem pensava que a franquia estivesse tão morta quanto as vítimas de Lecter..

A série  reúne um elenco competente e uma equipe de produção absolutamente dedicada em comprovar que o canibal não havia interrompido seu caminho. Com muita competência e um gosto pelo macabro, a nova série surgiu para mostrar-nos o passado de Lecter e seu principal “amigo”, Will Graham.
Hannibal é um assassino e isso não é privado do público. Desde o começo a verdadeira face dele é exposta, o que poderia resultar em uma trama rasa ou abordada de forma equivocada, mas isso não acontece em momento algum. Muito pelo contrario!

Por se tratar de forma pertinente do início turbulento do relacionamento de Graham e Lecter, a trama precisaria de algo mais que mortes violentas para se sustentar. Sem a inteligência de um enredo bem amarrado e de atores/roteiristas/produtores/diretor capazes de mergulhar no sangue, talvez a trama não fosse tão boa.
Voltando à dupla responsável pelo entrelaçamento das tramas: Will e Hannibal. Will Graham (Hugh Dancy) é um professor do FBI dotado da capacidade de entrar na mente dos assassinos. Ele não só reconstrói a cena de um crime, ele passa a ser o assassino por alguns minutos(interessante,não?).
Esse talento não passou em branco. Jack Crawford (Laurence Fishburne) é o encarregado do Departamento de Ciências Comportamentais do FBI e recruta Will para que trace os perfis de matadores. É aí que Will demonstra conhecer tanto de serial killers quanto eles mesmos. É aí que seus talentos chamam a atenção de Lecter (Mads Mikkelsen).

A admiração de Lecter por Will é mostrada desde o início da série. A inteligência de Will trouxe à tona um sentimento que Hannibal não “sentia” há muito tempo: a admiração por alguém. Deste modo, os dois vão estreitando uma amizade baseada na confiança. Esses laços ficam ainda mais fortes quando o psiquiatra passa a aconselhar(influenciar) Will informalmente. Também esse é um meio sutil de obter maiores informações sobre a mente por trás do caçador de serial killers. Claro que o canibal irá tirar algum proveito de seu conhecimento sobre o maior especialista em assassinos do FBI. O entrelaçamento das tramas paralelas  dá um dinamismo muito bom e reforça a narrativa, além de evitar que a série caia no erro de só manter-se com foco nos assassinatos.

Alguns pontos sobre as motivações dos serial killers também são bem abordados, fato que aumenta a credibilidade dos acontecimentos. É visível a pesquisa sobre o comportamento de assassinos.
Em"Hannibal" podemos ver as mais elaboradas mortes que a mídia televisiva já produziu. Não só o personagem principal demonstra usar arte para matar, mas outros matadores surgem, plenos de maldade e uma criatividade como há muito não via.

Entretanto, novamente a produção da série surpreende ao não abusar da exposição da degradação humana pelo simples apelo que isso tem. Há uma complexa teia tecida entre as mortes e as motivações. Os flashbacks são magníficos, elucidando para o espectador o quanto o mal pode ser gratuito em algumas situações, porém complexo em outras.

No meio dessa tsunami de sangue está Will Graham. O colaborador do FBI é, indubitavelmente, o mais afetado por todas essas mortes, principalmente quando consideramos que ele é forçado a reviver cada uma dessas atrocidades. Poucos permaneceriam sãos diante de tal carga emocional. 


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